sábado, 15 de agosto de 2009

Logística Reversa: uma nova ferramenta de relacionamento

O Brasil é atualmente o país que possui o maior índice de reciclagem de embalagens de alumínio do mundo. De acordo com a Associação Brasileira de Alumínio (ABAL), 87% de todas as latas consumidas no período (cerca de 9 bilhões de unidades) foram reaproveitadas pela indústria, gerando faturamento de R$ 850 milhões e 152 mil empregos diretos e indiretos. A reciclagem proporcionou também economia de 1,7 mil Gigawatts hora/ano, correspondendo a 0,5% de toda a energia gerada no país e suficiente para abastecer a cidade de Campinas, com 1 milhão de habitantes.
Este é apenas um exemplo da importância e do potencial da reciclagem de materiais, sobretudo embalagens de produtos de consumo (papéis, plásticos, vidro, metais, borracha etc) para a economia e para as empresas. E este é o motivo pelo qual o tema vem ganhando a atenção das empresas. Tanto que, para atender a nova demanda, um novo conceito de gestão vem sendo desenvolvido, a logística reversa.
A logística tradicional está relacionada a fazer com que os produtos (latas de cerveja e refrigerante, por exemplo) cheguem ao consumidor com o máximo de eficiência e ao menor custo possível. Já a logística reversa, como o termo já diz, refere-se a fazer com que os resíduos reaproveitáveis (as latas de alumínio) retornem à sua origem de modo eficiente e com baixo custo, de forma a serem reciclados sob as mais diversas formas. Portanto, quanto mais as empresas investirem em logística reversa, mais o processo de reciclagem se tornará viável economicamente (como já ocorre com o setor de embalagens de alumínio) e agregando valor ao negócio principal da empresa.
Ganhos financeiros e logísticos são apenas um dos benefícios que a logística reversa é capaz de proporcionar. Some-se também os ganhos à imagem institucional da companhia por adotar uma postura ecologicamente correta, atraindo a atenção e preferência não só de clientes mas dos consumidores finais.
Outro benefício igualmente importante, hoje praticamente ignorado pelas empresas mas que deve ganhar relevância nos próximos anos, é o poder da logística reversa para unir a indústria, o atacado/distribuidor, o varejo e os demais elos da cadeia de abastecimento em torno vantagens mútuas. Um bom exemplo é o que reúne a Tomra Latasa (grande fabricante de latas de alumínio), AmBev (fabricante de cervejas e refrigerantes) e Extra, uma das principais redes de supermercados do Brasil. Em uma iniciativa conjunta, instalaram em diversas lojas os “replanetas”, máquinas de auto-atendimento que recebem latas e garrafas plásticas PET para reciclagem. Ao depositar as embalagens usadas no replaneta, o consumidor recebe um cupom referente ao valor do material, e que pode ser utilizado como pagamento nas compras. No primeiro ano de funcionamento, as máquinas coletaram cerca de 9 milhões de embalagens de quase 200 mil consumidores, números que surpreenderam as empresas.
Como se vê, com a preocupação cada vez maior pela preservação do meio ambiente, aliada com à concorrência e a pressão por resultados e diferenciação no mercado, farão da logística reversa uma ferramenta fundamental para as empresas. Tanto para aumentar o seu poder de competição quanto forma de melhor se relacionar com fornecedores, clientes e consumidores finais.

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